Valmiki era dacoit, um assassino, vivia de matar. Um instante aconteceu -- ele se iluminou.
Um Iluminado estava passando e Valmiki, o assassino, um homem que vivia de roubar, assaltou-o. O Iluminado disse a Valmiki:
- O que você quer?
Valmiki disse:
- Vou roubar tudo o que você tem.
O Iluminado disse:
- Se você poder fazer isso, ficarei feliz, porque tenho algo mioto interno; roube-o e será bem vindo!
Valmiki não entendeu, mas disse:
- Estou me referindo somente as coisas exteriores.
O Iluminado disse:
- Mas eles não ajudarão muito. Por que você está fazendo isso?
Valmiki respondeu:
- Pela minha família, por causa dela -- minha mãe, minha mulher, filhos -- se eu não fizer, eles morrerão de fome; e eu só sei fazer isto.
O Iluminado disse:
- Amarre-me em uma árvore de um modo que eu não possa escapar, e vá dizer a sua mãe, à sua esposa e a ás crianças que você está pecando por eles. Pergunte-lhes se estão prontos para compartilhar do castigo. Quando você estiver diante de Deus, quando chegar o juízo final, estarão prontos para compartilhar o castigo?
Pela a primeira vez, Valmiki começou a pensar. Disse:
- Você deve está certo, irei perguntar a eles.
Voltou para a casa, perguntou a sua mulher e ela respondeu:
- Porque eu deveria dividir o castigo contigo? Não fiz nada. Se você erra é responsabilidade sua.
Sua Mãe lhe disse:
- Porque deveria compartilhar? Sou sua mãe, é seu dever me alimentar. Não sei como conseguir pão. A responsabilidade é sua.
Ninguém estava pronto para dividir o castigo -- e Valmiki se converteu. Voltou,caiu aos pés do Iluminado e disse:
- Dê-me agora o interno, não estou interessado no externo. Deixe que eu seja um ladrão do interno. porque entendi que estou só e qualquer coisa que eu fizer, a responsabilidade será minha, ninguém irá dividí-la comigo. Nasci só e morrerei só. Tudo que fizer será minha individual, pessoal responsabilidade; ninguém irá compartilhar comigo. Agora tenho de olhar para dentro e descobrir que sou eu. Acabou! Acabei com tudo aquilo que fazia!
Este homem foi convertido em um segundo.
A mesma coisa aconteceu com Buda: havia um homem que estava quase louco, um assassino louco. Ele fez um juramento de matar mil pessoas, não menos do que isso, porque a sociedade o tinha tratado mal. Ele se vingaria matando mil pessoas. e de cada um que matasse tiraria um dedo e faria um rosário em torno do pescoço -- mil dedos. Por causa disso seu nome passou a ser Angulimala: o homem do rosário de dedos.
Ele matou novecentos e noventa pessoas. Sempre que as pessoas desconfiavam que Angulimala estava por perto, não passavam pela aquela região, o trafego era interrompido. Então tornou-se difícil parta ele encontrar um homem, e só mais era preciso.
Buda aproximou-se da floresta. As pessoas vieram das vilas até ele e disseram:
- Não vá! Angulimala, o assassino louco, está lá! Ele não pensa duas vezes, simplesmente mata; portanto, não vai querer saber se você é Buda. Não vá por este caminho, existe outro. Não siga a floresta.
Buda disse:
- Se eu não for, quem irá? Ele está esperando por Mais um; tenho que ir.
Angulimala quase cumpriu seu juramento. Era um homem de muito energia porque lutava com toda sociedade: apenas um homem -- e havia matado quase mil pessoas. Os reis, os generais, os governadores, a lei e a polícia -- todos os temiam, ninguém conseguiriam fazer nada. Mas Buda disse:
- Ele é um homem e precisa de mim. Tenho de arriscar. Ou ele me mata ou eu o mato.
Foi o que Buda fez. Eles se enfrentaram e arriscaram suas vidas. Buda entrou na floresta. Mesmo seus discípulos mais próximos, mesmo o que diziam os que permaneceriam com ele até o fim, foram ficando para trás -- porque isso é perigoso.
Quando Buda se aproximou do morro onde Angulimala estava sentado em uma pedra, não havia ninguém atrás dele, estava só. Todos os discípulos haviam desaparecidos. Angulimala olhou este homem, inocente como uma criança, achou-o tão belo que até mesmo ele, um assassino, se compadeceu. pensou: " Esse homem parece não ter consciência de que estou aqui; caso contrário não viria por este caminho". E o homem parecia tão inocente, tão belo que até Angulimala pensou: " Não é bom matar este homem. Deixarei que ele siga, encontrarei outra pessoa.
Então, disse a Buda:
- Volte! Pare ai mesmo! Não dê mais nenhum passo. Eu sou Angulimala e tenho aqui novecentos e noventa e nove dedos; preciso apenas de um -- mataria até minha mãe, se ela passasse por aqui, para cumprir meu juramento! Portanto não se aproxime, sou perigoso! Não creio em religião, não me importo com quem você seja. Você pode ser um bom monje, talvez um santo, mas não me importa! Só importa o dedo e os eu é tão bom quanto o de qualquer outro!
Mas Buda continuou andando.
Angulimala pensou: Ou é este homem é surdo ou louco!
Gritou outra vez:
- Pare! Não se mova!
Buda disse:
- Parei há muito tempo, não estou me movendo, Angulimala, é você que esta. Parei há muito tempo. Todo o movimento parou porque toda a motivação parou. Quando não existe motivação, como pode acontecer o movimento? Não existe nenhuma meta para mim, já atingi a minha, então para que eu irei me mover? É você quem está se movendo -- e eu lhe digo: Pare!
Angulimala estava sentado na pedra e começou a rir. Disse:
- Você está mesmo louco! Estou sentado e você me diz que estou me movendo; e você está se movendo e diz que parou. Você é mesmo um tolo, um louco -- ou não sei que tipo de homem você é.
Buda aproximou-se mais e disse:
- Houvi dizer que você precisa de mais um dedo. No que diz respeito a este corpo, minha meta foi alcançada, não preciso mais dele. Quando eu morrer as pessoas irão queima-lo, não será útil para ninguém. Você pode usa-lo para cumprir seu juramento: corte o meu dedo e corte a minha cabeça. Vim disposto a aproveitar esta chance de meu corpo ser usado de alguma maneira; caso contrário irão queima-lo!
Angulimala disse:
- O que você está dizendo? Pensei que você fosse o único louco por aqui. Não tente ser esperto porque eu sou perigoso, posso matar você!
Buda disse:
- Antes de me matar, faça uma coisa, atenda um desejo de um moribundo: corte um galho desta árvore.
Angulimala bateu sua espada contra a árvore e cortou o galho. Buda disse:
Só mai uma coisa: junte-o outra vez á árvore.
Angulimala disse:
- Agora sei perfeitamente que você está louco -- posso cortar mas não posso juntar.
Então Buda começou a rir e disse:
- Se você pode destruir e não pode criar não deveria destruir porque isso pode ser feito por uma criança, não existe grandeza nisto. Esse galho pode ser cortado por uma criança, mas junta-lo é preciso um mestre. Se você nem mesmo pode juntar um galho de à árvore, como pode cortar a cabeça humana? Você alguma vez já pensou nisso?
Angulimala fechou os olhos e caio ao pés de Buda, dizendo:
- Leve-me por este caminho!
Dizem que neste momento ele se tornou iluminado.
No dia seguinte ele erá um bhikku, um mendigo, um mendigo de buda e mendigava pela a cidade. Toda a cidade se fechou. As pessoas tinham tanto medo que diziam:
- Mesmo que ele tenha se tornado um mendigo, não se pode acreditar nele.
As pessoas não saiam as ruas. Quando Angulimala foi mendigar, não havia ninguém para lhe dar comida. Quem correria tal risco? As pessoas ficaram na sacada olhando para baixo. E então começaram a atirar pedras nele porque havia matado novecentos e noventa e nove pessoas do lugar. quase toda a família tinham sido vitimadas e, por isso, começaram a apedreja-lo.
Angulimala caio na rua e o sangue escorreu de todo os eu corpo, ficou muito ferido. Buda aproximou-se com seu discípulos e disse:
- Angulimala como você está se sentindo?
Ele respondeu:
- Estou grato a você. Eles podem matar meu corpo, mas não podem me tocar -- e foi isso o que eu fis durante toda a minha vida sem nunca perceber.
Buda disse:
- Angulimala se iluminou, tornou-se um brahmin, um conhecedor de Brahma ( a Realidade Última)