Sinto um amor carinhoso quando estou na sua presença,mas percebo que quando não estou próximo você, não é do mesmo jeito. É verdade que espaço e tempo não fazem diferença na grande relação entre mestre e discípulo
Deva Sutra, é sempre verdade que espaço e tempo não fazem qualquer diferença na grande relação entre mestre e discípulo. Não que em algumas vezes seja verdade e em outras, não. Essa questão é eterna. Mas, na experiência real, particularmente no começo o amor do discípulo ainda não é tão puro; ainda existem expectativas. Não é um amor sem desejos; ele está poluído por muitas coisas.
Por causa dessa poluição de desejos expectativas, tem-se a impressão que o espaço e o tempo fazem alguma diferença. Eles não refazem diferença no que se refere ao amor, mas seu amor não é somente amor; ele tem muitas outras coisas envolvidas. Mesmo a expectativa da iluminação é suficiente para destruir a sua pureza.
O princípio se aplica ao amor puro, ao amor que simplesmente feliz sem que haja qualquer motivo, ao amor que já juntou a dança do mestre ao coração. Então,o mestre não está mais fora, você o carrega dentro de si, onde quer que esteja. É por isso que o tempo e o espaço não fazem qualquer diferença. Mas se o mestre ainda estiver do lado de fora, como um objeto de amor, então o espaço fará diferença,o tempo fará diferença. A diferença vem atráves das impurezas e elas são quase inevitáveis no começo, porque você não consegue pensar que o desejo pela a iluminação sejam uma impureza.
Quando Gautama Buda morreu, havia 10 mil discípulos que sempre o seguiam em suas longas jornadas. Na quela grande multidão de discípulos, havia pessoas como Sariputta, Maudgalyan, mahakashyapa, Manjushri, Vimal Kirti e muitos outros que já tinham se tornado iluminados, que já haviam cruzado a barreira entrem discípulo e mestre, que já haviam entrado no mundo da devoção.
Quando Gautama Buda morreu foi um grande choque para todo mundo, mesmo para seu discípulo mais próximo, Ananda, que desatou a chorar. Ele era mais velho que Gautama Buda. Buda tinha 82 anos e Ananda, cerca de 85 ou mais. Ele desatou a chorar como uma acriança que perdeu a mão. Mas, Manjushri, Vimal Kirti e Saripitta permaneceram completamente silenciosos, como se nada estivesse acontecendo, ou se o estivesse acontecendo não lhes dissesse respeito.
Muitos discípulos ficaram chiocados com a frieza de Sariputta e dos outros; eles não conseguiam entender. Eles podiam entender o Ananda desatando a chorar. Na verdade. eles pensavam que Ananda era o mais intimo. Enquanto Sariputta,mMaudgalyam e Mahakashiapa permaneciamsentado e em silêncio. As pessoas lhes perguntavam:
- Porque vocês estão em silêncio, enquanto Ananda está chorando?
Sariputta respondeu:
- Porque para mim, meu mestre nunca pode morrer. A morte não consegue nos separar. Ele apenas deixou seu corpo,mas ele continua aqui; meu coração ainda está sentindo a sua presença, na verdade, sentindo mais do que nunca.
E as respostas do outros discípulos iluminado foram a mesmas,sem uma simples lágrimas em seus olhos. Eles eram duros nem frios. Eles simplesmente já tinham cruzado a barreira entre mestre e discípulo. Ou você pode dizer que eles entraram na consciência do mestre.
Gautama Buda ainda não estava morto. Ele apenas tinha fechado os olhos e estava relaxando no eterno. Ele voltou, abriu os olhos e disse a Ananda:
- Não se preocupe. Era a minha presença e o seu amor para comigo que era a barreira, porque o seu amor tinha uma motivação. Você queria tornar-se iluminado antes de todos, e você sempre teve uma inveja escondida quando os outros alcançavam o seu potencial, chegando a própria fonte. No fundo você se sentia machucado, porque você estava muito próximo, mas era os outros que estavam se tornando iluminados antes de você. Você não conseguia alegrar-se com a iluminação deles. Você poderia ter se alegrado,poderia ter celebrado, mas o foco de sua mente era a sua própria iluminação, era muito você. E a sua consciência desde o primeiro dia, preso a ideia que de que você é meu primo-irmão, meu irmão mais velho. Ainda que desde o primeiro dia você não tinha mais mencionado isso, a memoria psicológica estava ali. Conscientemente, deliberadamente você se tornou-se um discípulo, mas incoscientemente você sempre sabia que era meu irmão mais velho; mas você não conseguio dissolver-se isso em mim. Mas não chore, 24 horas após minha morte, você se tornará iluminado. Sem a minha morte, você não conseguirá se tornar iluminado.
Ananda ainda não consegui consolar-se. Ele disse:
- Depois de 24 horas você não estará aqui. Para quem eu irei perguntar se eu me tornei iluminado ou não? E, na eternidade do tempo, eu não quando eu encontrarei um homem como você, com uma consciência tão grande e tão vasta.
Buda lhe disse:
- Não se preocupe, isso vai acontecer. Eu estava observando continuamente. Eu mesmo estava intrigado porque não estava acontecendo com você. Você queria tanto.
E esse é o problema: desejar demais a iluinaçãoe você perderá, retenha em algum lugar do seu inconsciente o desejo de alcançá-la e você não alcançará.
Tudo o que você deseja já esta presente em você. O mestre não vai lhe da algo que você ainda não tenha. Na verdade, o mestre continua tirando coisas que você pensa que tem, mas que não tem. E o mestre não pode, naturalmente,dar-lhe aquilo que você já tem. Ele só consegue retirar todas as barreiras, todos os obstáculos, de modo que só permaneça aquilo que lhe é próprio.
Em tal espaço não poluído, a distância entre o mestre e o discípulo deixa de existir. Isto não significa que você não se sinta agradecido ao mestre. Na verdade somente depois que isto tenha acontecido, você sentirá pela primeira vez, uma tremenda gratidão.
Sariputta estava muito relutante em partir para espalhar a mensagem. Buda pediu-lhe para ir ao seu próprio reino. Ele era um primcipe, antes de se tornar um discípulo. Buda disse:
- qual é a relutância? Agora estou dentro de você. Eu estou enviando-o para longe, sabendo perfeitamente bem que você não sentirá qualquer distância.
Sariputta disse:
- A distância não é o problema. Eu posso ir até a estrela mais distante e você ainda estará dentro do meu coração. O problema é que, estando aqui, eu toco seus pés todos os dias. Você poderá está em meu coração, mas como eu vou tocar seus pés?
Buda disse:
- Você é um ser iluminado. Você não tem que tocar meus pés.
Sariputta disse:
- Antes da iluminação, isto era um ritual. Eu tocava seus pés porque todos os discípulos estavam tocando. Mas agora não é mais um ritual. Agora é uma autêntica gratidão, porque sem você, eu não teria alcançado a mim mesmo. Embora isto estivesse sempre dentro de mim, eu não acho que sozinho seria capaz desta descoberta, pelo menos, não nesta vida. A sua compaixão, o seu amor, as bênçãos que continuamente você derramou sobre mim, pouco a pouco, removeram tudo aquilo que não era eu mesmo. Agora, quando eu toco seus pés, não é um ritual, é um alimento do coração. Eu me sinto nutrido. No dia em que eu deixo de tocar lhes os pés, sinto um vazio. E sei que você está dentro de mim.
Buda disse:
- Todos você que se tornaram iluminados, terão que aprender a estar longe de mim, e ao mesmo tempo não estarem longe de mim. É verdade ue vocês não conseguirão tocar meus pés, mas, de onde você estiverem, simplesmente se voltem para o lado onde vocês acham que estou e curvem-se até a terra. O meu corpo pertence a terra. Se você s tocarem a terra com a mesma gratidão, estarão tocando em mim.
Sariputta partiu. E as pessoas de seu reino não conseguiram acreditar; ele havia alcançado uma grande glória, uma grande magnificência, uma grande beleza. Tudo isto era milagroso, mas a curiosidade deles erá porque todos os dias, pela manhã e ao entardecer ele se voltava para direção onde, longe, Buda estava morando, e tocava a terra com tremenda gratidão.
Eles diziam:
- Você um ser iluminado, não tem que tocar a terra.
Ele dizia:
- Eu não estou tocando a terra. Aprendi um novo segredo, que o corpo nada mais é que a terra, e que ela contem não apenas os pés de meu Buda, meu mestre, mas todos os Budas do passado, do presente e do futuro. Tocando-a, eu toco todos aqueles que tornaram-se desperto e fizeram com que o caminho ficasse claro para mim, mostram-me o caminho.
Mesmo depois que Buda morreu,m ele continuou curvando-se, voltando para a mesma direção onde estava o corpo de Buda em seus últimos momentos Ele nunca sentiu qualquer separação. E isto não foi apenas com ele, mas com todos os 24 discípulos que haviam se iluminados.
Ananda iluminou-se, conforme Buda predisse, 24 horas após ele deixar o corpo.. Na verdade, ele nem se moveu do lugar. Quando Buda ,morreu, ele fechou os olhos e permaneceu sem comer, sem beber, sem dormir. Aquelas 24 horas foram o tempo mais importante de sua vida, um tempo de transformação de um ser ignorante em sua alma desperta. Ele somente abriu os olhos quando as lágrimas haviam desaparecido e um sorriso havia brotado em seu corpo.
Manjushri estava próximo e disse:
- O que aconteceu? Você esteve chorando, esteve sentado como se estivesse morto, e, de repente, você está rindo.
Ananda disse:
- Eu estou rindo porque a sua predição provou se certa. O obstáculo era a impureza de meu amor. E agora agora que ele se foi, não há mais razão para sentir-me como seu irmão mais velho, para sentir qualquer apego. Em sua pira funerária, na medida em que o seu corpo desaparecia na fumaça, todos os meus apegos também desapareciam.
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